No decorrer do verão tem-me vindo à memória como eram passados os dias na minha aldeia, nos longínquos anos sessenta do século passado, durante a enorme canícula do Estio.
Eram dias excepcionalmente quentes e duros para quem trabalhava no campo. O meu avô costumava levantar-se de madrugada para regar as hortas e só pelo fim da tarde voltava de novo a essas tarefas.
Era a época da rega do milho, do feijão verde, do tomate, pepino, melão e melancia!
(E como era tão bom o gaspacho feito pelo meu avô com os produtos da horta salpicados com orégãos, assim como o refresco de café e vinagre feito pela minha avó)! Saudades desses tempos.
As férias escolares pareciam uma eternidade. Três meses num tempo em que ainda não havia televisão nem outras distracções, a não ser as brincadeiras da época, que eram bem saudáveis, o tempo eternizava-se e eu estava sempre ansiosa para que chegasse o dia sete de outubro, dia em que se reiniciavam impreterivelmente as aulas. Feitas as cópias passadas pela professora que eram imensas (eu despachava tudo em quinze dias;)), sobrava-me imenso tempo que eu ocupava nesses dias a brincar com as minhas irmãs em casa . Pela tardinha um grupo de mães, em que se incluía a minha, reuniam os filhos e lá íamos nós a banhos numa pequena praia no rio Tejo.
À noite como as casas ficavam insuportavelmente quentes, porque a aragem, se a havia, era irrespirável, era costume as mulheres da aldeia sentarem-se nas soleiras das portas a conversar até altas horas da noite. Muitas histórias de lobisomens e afins eu ouvi sentada aos pés de minha mãe.
Em traços largos, era assim o verão na aldeia que me viu nascer, que apesar do calor me deixou gratas recordações.
Ailime
22.08.2018
Imagem Google
Lindas as suas lembranças e saudades... Tempos bons e cheios de encantos!
ResponderEliminarGostei muito do relato, Ailime. Faço ideia das grandes alegrias cultivadas com tanto amor familiar...
Boa noite! Beijinhos
Que coisa boia e parece que vivi por lá!
ResponderEliminarLembro tanto do Kiko contar suas peripécias nos avós na Itália e junto com as minhas, lendo as tuas, refresca as memória! Adoro esse teu blog, que penso, deverias pensar m escrever bastante para virar livro e ficar para tua família... Adorei!
beijos, chica ( respondendo: recebo as atualizações no FEEDLY.COM)
Boa noite, querida amiga Ailime!
ResponderEliminarO Verão aí é forte e causticante...
À parte disso, você cresceu no clima quente e é uma pessoa equilibrada.
Lembro-me bem das férias longas de outrora... queria logo ir para a aula... rs...
Tenha dias felizes e abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
Ailime, ando preocupada pois quando entro nos seus blogs, meu PC apita avisando de invasor. Esse ainda não acusou, Quando apita, desligo o meu correndo e acima vem escrito Não Seguro!. Vou falar com minha filha que chega amanhã para ela passar um anti virus! Vou parar logo! Bjs!
ResponderEliminarLendo suas historias Ailime vi o quanto temos em comum amiga. Sou de uma cidadezinha de interior de Minas e vivi os anos 60 neste ambiente de contos e causos de assombrações e pude crescer num ambiente livre e de contato direto com toda a natureza.Tinha como ritual as férias na casa de minha vó mãe de meu pai, onde eu me sentia o rei da selva e paparicado por ela, íamos em três irmãos e ficávamos por lá toda a ferias. Era lindo amiga e fazem parte de muitas das minhas inspirações. Na minha cidade todas as casas sem muros e tinham em cada entrada um banco de madeira onde se ficava à noite proseando. Tempo bom e lindo amiga que aqui revivi.
ResponderEliminarAbraços.
Beijo e grato pela viagem.
Amiga, só agora descobri este seu espaço lindo!
ResponderEliminarAdorei ler os relatos que tão bem aqui descreve.
Confesso que, além do interessante conteúdo, dou também importância à forma!
Vou ficar leitora assídua e espero não deixar de marcar presença!
Obrigada pelos bons momentos que agora me proporcionou.
Beijinhos e boa semana.
Olá Ailime.
ResponderEliminarEstou super impressionada com este seu blog, que não sei como me passou ao lado!!
O que se passava na sua aldeia é mesmo muito igual ao que se passava na minha (eu também sempre lembro os 3 meses de férias, eram as férias grandes; das mulheres sentadas nas soleiras e escadas a apanhas a fresca, etc..), mas a Ailime tem uma forma de escrever diferente da minha e eu estou apaixonada pela sua forma de escrever e de contar as suas memórias. Se calhar é pedir muito, mas escreva mais.
Beijinhos e cont.de boa semana.
Lindíssimas recordações de tempos que não voltam mais. Também tenho algumas recordações parecidas.
ResponderEliminarBoa semana, amiga Ailime!
Beijinhos.
Olá, querida Ailime!
ResponderEliminarDeu-me gosto ler este seu texto! Está tudo ali tão bem explicadinho e até parece, k nós entramos e sentimos as "cenas".
Embora só tenha vivido até aos dois anos de idade no Alentejo, tb mto quente, lembro-me de tudo aquilo k tão bem descreveu. E adoro gaspacho e sentar-me à porta da rua, brincando com os outros meninos e meninas desse tempo. Continuo a ir ao Alentejo uma ou duas vezes por ano, mas muitas pessoas não conheço e tudo está tão diferente!
Beijos e um excelente fim de semana, que está quente, embora o outono já tenha chegado.
Lembranças e saudades se encontram numa bela descrição de um tempo que não voltando também não se esquece!!!bj
ResponderEliminarInteressante. Há uns dias, a propósito de uma reflexão
ResponderEliminarsobre o tempo, lembrei-me das férias de verão que nunca
mais terminavam...
Apesar do tempo e das histórias de estarrecer, sobraram
as boas recordações, o que é deveras importante.
Abraço grande.
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