sábado, 18 de novembro de 2017

A vida na aldeia (I)


Por vezes penso em como treze anos foram tanto na minha vida. Um pequeno lapso de tempo, mas tanto, tanto que vivi e aprendi nesses ainda verdes anos.
Como vivia numa aldeia o contacto com a natureza, que continuo a amar, foi quase de imediato. O que mais me fascinava era o céu, o sol, a Lua e a grandiosidade do firmamento quando à noite salpicado de estrelas eu admirava espantada. E as estrelas cadentes que faziam desenhos a faiscar no céu? Quem teria “inventado” tudo aquilo? Interrogava-me muitas vezes, mas não sabia a resposta e também não perguntava a ninguém.
 Na primavera e no verão os campos salpicados de flores de todas cores eram também o meu encanto. Reparava nas pétalas tão pequeninas raiadas de várias tonalidades. Como eram belas. Por vezes apanhava-as e fazia pequenos raminhos que oferecia à minha avó. Gostava muito de a acompanhar e sempre que podia ia com ela aos mais variados sítios.
Os meus avós maternos de quem tenho tantas saudades eram pessoas do campo. Eram pequenos agricultores e o meu avô fazia ainda trabalhos sazonais. Gostava tanto deles que os acompanhava para todo o lado. O meu avô apesar de ser uma pessoa muito simples (cultivava a humildade) sabia ler e escrever e para a época era uma pessoa culta. Foi ele que me incentivou a ler e para isso as Bibliotecas Itinerantes da Gulbenkian foram a minha primeira fonte. Desde bem pequenina que me habituei quinzenalmente a ir trocar os livros que lia avidamente. Eram dias de muita alegria.


Foto Google
Texto: Ailime
18.11.2017

domingo, 29 de outubro de 2017

Introdução


Eu também tenho uma aldeia, uma aldeia situada à beira-Tejo, onde nasci no inicio da década de 50!
Vivi lá apenas durante treze anos e fui arrancada às minhas queridas origens de forma abrupta, o que me deixou deveras triste, revoltada, não tendo palavras para explicar o que senti. Foi um desgosto enorme que ainda hoje ecoa no meu coração.
Durante bastantes anos não me foram permitidos contactos com quem lá deixei e tanto amava – os meus avós e os meus amigos de infância.
Foi tudo para meu bem e de minhas irmãs, como me foi dito na altura, porque os colégios eram muito caros e em Lisboa havia Escolas e Liceus onde os estudos ficavam mais baratos.

Assim se iniciou a minha vida nos arredores de Lisboa, onde ainda vivo. São já muitos anos passados, mas lembrei-me de criar este espaço para de vez em quando falar de hábitos e memórias que tenho daquele tempo de que tenho tantas saudades.
Não sei quando vou voltar a escrever. Talvez quando o meu coração ditar.