segunda-feira, 4 de junho de 2018

A vida na aldeia (III)


É primavera, quase verão e o tempo está frio! Hoje chove...
Estou com uma enorme nostalgia e veio-me à ideia o mês de junho passado na aldeia, em criança, nesta época do ano já bastante quente em que os campos verdejantes e com os cheiros tão característicos do alecrim, da murta, do rosmaninho e flor de São João lembravam as noites dos Santos Populares e o Saltar das Fogueiras que se avizinhavam.
Uns dias antes já alguns grupos de rapazes e raparigas, por entre alegres conversas e gargalhadas, se dirigiam aos campos mais próximos para apanhar estas tão aromáticas ervas que, misturadas na lenha,  haviam de contribuir para a alegria de todos.
No fundo era uma brincadeira simples, mas muito engraçada, pelo aspeto cénico que proporcionava numa fase em que a luz elétrica ainda não tinha chegado à aldeia e o resplendor do lume brilhava e iluminava a noite, que na época era como breu.
Em cada rua havia duas ou três fogueiras que pela noite fora eram tomadas de assalto pelos mais afoitos numa disputa que nunca entendi. As crianças como eu limitavam-se, sob o olhar atento dos pais e avós a fingir que saltavam, mas apenas ao lado das ditas fogueiras que crepitavam bem alto.
No fundo era uma brincadeira perigosa, mas que me lembre nunca houve qualquer acidente de maior.
Escusado será dizer que nestas noites todos se deitavam tarde, porque ninguém perdia este espetáculo que só no ano seguinte se havia de repetir.
Santo António, São João e São Pedro não tardam e vivam as velhas fogueiras!



04.06.2018
Ailime
Imagens Google