quinta-feira, 9 de maio de 2019

Ofícios da minha aldeia - 1 (X)

Na minha aldeia, sendo sede de freguesia, existia uma enorme e diferenciada capacidade de criar. Muitos eram os artífices que se dedicavam às mais variadas artes ou ofícios, assim os classifico.
Para além das tecedeiras de que é exemplo a Ti Gaiata a que aludi no post anterior, existiam também os cesteiros, o peneireiro, o latoeiro, o forjador, o ferrador, os sapateiros e o saudoso Ti Fontes,  um artista no fabrico dos picaretos (barcos), que ainda hoje navegam nas águas do Rio Tejo. 
Quase no centro da aldeia já a caminho da Fonte Velha lembro-me de, quando ia visitar uma das minhas tias, pelo caminho, parava próximo do cesteiro que, com as suas ágeis mãos executava variados cestos em vime.


O peneireiro, um senhor muito simpático, que apesar da sua avançada idade ainda se encontra entre nós, contou-me há tempos no Lar da Freguesia, onde agora reside, que outrora havia percorrido muitas e muitas feiras com as suas peneiras e outros trabalhos, montado numa bicicleta! Atualmente  tem como passatempo a escrita e posso testemunhar que escreve muito bem.


Ao fundo da Rua Principal e cortando à esquerda, próximo da Igreja, encontra-se a casa do Ti Latoeiro, como era conhecido, onde no rés do chão tinha a sua oficina. Era mestre no manusear da folha de flandres.


Na rua dos meus avós não muito longe da sua casa, vivia e trabalhava o forjador (ferreiro), senhor que sempre vi dentro da sua oficina e  de quem nunca soube o nome. Só sei que, quando ali  passava  o via a martelar com muita energia pedaços de ferro incandescentes, com que ia moldando as enxadas e outros utensílios agrícolas. 


Continua....

Ailime
09.05.2019

 Imagens Google 
(Procurei as que mais se assemelham às minhas memórias).

10 comentários:

  1. Tão bom recuperar na memória ofícios assim,que não vemos mais facilmente hoje.
    Muito bom homenagear cada um deles em tuas memórias!

    Bjs,tudo de bom,chica

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  2. Obrigada, Ailime, por contar aqui coisas da sua vida, memórias que fazem um bem enorme lembrar saudavelmente.
    Cada recordação contém ricos detalhes.
    Beijinhos

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  3. Todos os artífices de todas as áreas merecem a maior consideração, mas são pouco lembrados. Obrigada Ailime pela lembrança e suas lembranças.
    Na minha aldeia todos eram lavradoes, mas também havia ocupações diversificadas.
    Beijinhos.

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  4. Ailime não conhecia este teu espaço, simplesmente adorei! Li este conto e o anterior, eu amo contos do passado, obrigada bjos

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  5. Que bom trazer memórias destes belos oficios. Adorei ler o maravilhoso conto.
    Na minha terra ainda existe um latoeiro,faz miniaturas de cantarinhas ,regadores,etc. Os imigrantes gostam.
    Bjs

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  6. Os ofícios de antigamente com que se ganhava o pão sem depender de subsídios, como hoje...
    Gosto destas memórias.
    Boa semana, amiga Ailime!

    Beijinhos.

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  7. Olá, minha amiga!

    Um texto muito bem escrito, tal como já é hábito e normalidade por aqui. Parabéns por saber escrever, tão bem quanto escreve.
    Gosto da sua serenidade, discrição e simplicidade. É uma verdadeira senhora em todos os aspetos.

    As "profissões" de outros tempos, que, felizmente, ainda vão existindo num ou noutro lugar. Estes homens e mulheres são fontes de sabedoria e de histórias, que muito gostamos de ouvir, embora eu não conheça ninguém com estes métiers. Vim para a cidade, Lisboa, com dois anos e perdi, decerto, muito do encanto desta gente.

    Beijos e uma excelente semana.

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  8. Boa noite de harmonia, querida amiga Ailime!
    Como não vi este post tao formoso eu não sei, mas ainda bem que achei agora
    Gostei de tudo. O rustico me atrai muito e histórias de aldeias ainda mais.
    Parabéns por conservar a historia do que foi e será sempre seu.
    Tenha um final de semana abencoado!
    Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

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  9. Boa tarde, amiga.
    Lindos textos também neste blogue que, por descuido imperdoável, poucas vezes visito. Vou estar mais atenta!

    Profissões que, infelizmente, vão desaparecendo.
    A tecedeira!... Linda!...
    Em tempos tive desgosto de não poder ter um tear aqui no apartamento do 3º. andar! Contentei-me com a compra da máquina de tricotar (não elétrica), que fazia de tear!

    Desejo-lhe uma boa semana.
    Beijinhos

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  10. Profissões que tendem a desaparecer... o que é uma pena! Bj

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