Na minha aldeia, sendo sede de freguesia, existia uma enorme e diferenciada capacidade de criar. Muitos eram os artífices que se dedicavam às mais variadas artes ou ofícios, assim os classifico.
Para além das tecedeiras de que é exemplo a Ti Gaiata a que aludi no post anterior, existiam também os cesteiros, o peneireiro, o latoeiro, o forjador, o ferrador, os sapateiros e o saudoso Ti Fontes, um artista no fabrico dos picaretos (barcos), que ainda hoje navegam nas águas do Rio Tejo.
Quase no centro da aldeia já a caminho da Fonte Velha lembro-me de, quando ia visitar uma das minhas tias, pelo caminho, parava próximo do cesteiro que, com as suas ágeis mãos executava variados cestos em vime.
O peneireiro, um senhor muito simpático, que apesar da sua avançada idade ainda se encontra entre nós, contou-me há tempos no Lar da Freguesia, onde agora reside, que outrora havia percorrido muitas e muitas feiras com as suas peneiras e outros trabalhos, montado numa bicicleta! Atualmente tem como passatempo a escrita e posso testemunhar que escreve muito bem.
Ao fundo da Rua Principal e cortando à esquerda, próximo da Igreja, encontra-se a casa do Ti Latoeiro, como era conhecido, onde no rés do chão tinha a sua oficina. Era mestre no manusear da folha de flandres.
Na rua dos meus avós não muito longe da sua casa, vivia e trabalhava o forjador (ferreiro), senhor que sempre vi dentro da sua oficina e de quem nunca soube o nome. Só sei que, quando ali passava o via a martelar com muita energia pedaços de ferro incandescentes, com que ia moldando as enxadas e outros utensílios agrícolas.
Continua....
Ailime
09.05.2019
Imagens Google
(Procurei as que mais se assemelham às minhas memórias).
Tão bom recuperar na memória ofícios assim,que não vemos mais facilmente hoje.
ResponderEliminarMuito bom homenagear cada um deles em tuas memórias!
Bjs,tudo de bom,chica
Obrigada, Ailime, por contar aqui coisas da sua vida, memórias que fazem um bem enorme lembrar saudavelmente.
ResponderEliminarCada recordação contém ricos detalhes.
Beijinhos
Todos os artífices de todas as áreas merecem a maior consideração, mas são pouco lembrados. Obrigada Ailime pela lembrança e suas lembranças.
ResponderEliminarNa minha aldeia todos eram lavradoes, mas também havia ocupações diversificadas.
Beijinhos.
Ailime não conhecia este teu espaço, simplesmente adorei! Li este conto e o anterior, eu amo contos do passado, obrigada bjos
ResponderEliminarQue bom trazer memórias destes belos oficios. Adorei ler o maravilhoso conto.
ResponderEliminarNa minha terra ainda existe um latoeiro,faz miniaturas de cantarinhas ,regadores,etc. Os imigrantes gostam.
Bjs
Os ofícios de antigamente com que se ganhava o pão sem depender de subsídios, como hoje...
ResponderEliminarGosto destas memórias.
Boa semana, amiga Ailime!
Beijinhos.
Olá, minha amiga!
ResponderEliminarUm texto muito bem escrito, tal como já é hábito e normalidade por aqui. Parabéns por saber escrever, tão bem quanto escreve.
Gosto da sua serenidade, discrição e simplicidade. É uma verdadeira senhora em todos os aspetos.
As "profissões" de outros tempos, que, felizmente, ainda vão existindo num ou noutro lugar. Estes homens e mulheres são fontes de sabedoria e de histórias, que muito gostamos de ouvir, embora eu não conheça ninguém com estes métiers. Vim para a cidade, Lisboa, com dois anos e perdi, decerto, muito do encanto desta gente.
Beijos e uma excelente semana.
Boa noite de harmonia, querida amiga Ailime!
ResponderEliminarComo não vi este post tao formoso eu não sei, mas ainda bem que achei agora
Gostei de tudo. O rustico me atrai muito e histórias de aldeias ainda mais.
Parabéns por conservar a historia do que foi e será sempre seu.
Tenha um final de semana abencoado!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
Boa tarde, amiga.
ResponderEliminarLindos textos também neste blogue que, por descuido imperdoável, poucas vezes visito. Vou estar mais atenta!
Profissões que, infelizmente, vão desaparecendo.
A tecedeira!... Linda!...
Em tempos tive desgosto de não poder ter um tear aqui no apartamento do 3º. andar! Contentei-me com a compra da máquina de tricotar (não elétrica), que fazia de tear!
Desejo-lhe uma boa semana.
Beijinhos
Profissões que tendem a desaparecer... o que é uma pena! Bj
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